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ISSN 2526-0596 (impresso) | ISSN 2526-2785 (online)


EDITORIAL

Jorge M. Freitas
Perito Criminal Federal
SEPLAB/DPLAD/INC/DITEC/PF
LANIF – Laboratório Nacional de Isótopos Estáveis

A descoberta da existência dos isótopos remonta ao início do século passado, por Frederick Soddy, um químico inglês, em 1913. Nos anos seguintes, foram se acumulando caracterizações de novos isótopos até que, em meados dos anos 50, a ciência isotópica recebeu um grande impulso com os primeiros espectrômetros de massa de razão isotópica e, desde então, vem se desenvolvendo e se consolidando em várias áreas do conhecimento como, por exemplo, geologia, ecologia, agricultura e antropologia. A diversidade de aplicações em várias áreas do conhecimento é, em grande parte, resultado de uma característica marcante da ciência isotópica: a transversalidade da técnica.

Uma vez que se lida com átomos, abrange-se toda a matéria que, em função de variações em processos químicos, físicos e biológicos, pode apresentar, eventualmente, diferenças nas composições isotópicas. As diferentes abundâncias isotópicas, por sua vez, podem ser usadas para caracterizar os materiais e fazer inferências sobre os processos causadores das composições isotópicas distintas. Neste ponto, a ciência isotópica vem de encontro com muitas das necessidades das ciências forenses que, quase sempre, se deparam com a necessidade de se atribuir a origem e a determinação da natureza dos vestígios.

As aplicações forenses dos isótopos estáveis, por sua vez, é algo um pouco mais recente. Porém, vem crescendo exponencialmente desde os anos 90, o que pode ser constatado, por exemplo, com o crescente número de artigos envolvendo simultaneamente os termos “análises isotópicas” e “ciências forenses”.

A multidisciplinaridade da ciência isotópica também se revela dentro da perícia. Ao redor do mundo, análises de isótopos estáveis são utilizadas em perícias documentos cópicas, ajudando, por exemplo, na elucidação da autenticidade de papel moeda; perícias merceológicas, sendo útil na constatação de falsificações/adulterações; na química forense, caracterizando e possibilitando a atribuição de origem de drogas naturais e sintéticas, assim como a caracterização de medicamentos, combustíveis e agrotóxicos; em antropologia forense, podendo contribuir para a atribuição geográfica de restos mortais não identificados e nas perícias ambientais, em crimes contra fauna e flora, ajudando na rastreabilidade geográfica de espécies e, também, em análises geológicas, nos crimes envolvendo o patrimônio mineral

Em 2020, foi criado o LANIF – Laboratório Nacional de Isótopos Forenses, um projeto de caráter transversal e interinstitucional por meio da cooperação entre a Polícia Federal e instituições de pesquisa associadas. O projeto busca desenvolver a aplicação da análise isotópica nas ciências forenses no Brasil, com foco na resolução de casos e investigação científica. Até o momento, a Polícia Federal instalou e colocou em operação três laboratórios: um em Manaus/AM, com foco em crimes ambientais, notadamente extração e venda ilegal de madeira, e dois no Instituto Nacional de Criminalística em Brasília, sendo um focado na análise de água e o outro para análises das demais matrizes e vestígios.

Acredita-se que o projeto consiste em um impulso muito importante para a aplicação das análises isotópicas nos diversos campos das ciências forenses no Brasil, em sintonia com a constante busca pelo desenvolvimento tecnológico da Criminalística no nosso país.


EDITOR-CHEFE

Pablo Alves Marinho
Perito Criminal do Instituto de Criminalística de Minas Gerais
Farmacêutico e Mestre em Ciências Farmacêuticas  

EDITORES ASSOCIADOS

Guilherme Ribeiro Valle
Perito Criminal do Instituto de Criminalística de Minas Gerais
Médico Veterinário e Doutor em Ciência Animal

João Henrique Roscoe Diniz Maciel
Perito Criminal do Instituto de Criminalística de Minas Gerais
Engenheiro Eletricista

Leonardo Santos Bordoni
Médico-Legista do Instituto Médico Legal de Minas Gerais
Médico e Mestre em Biologia Celular

Luciene Menrique Corradi
Perita Criminal do Instituto Médico Legal de Minas Gerais
Odontologista e Mestre em Odontologia

Michelle Moreira Machado
Perita Criminal do Instituto de Criminalística de Minas Gerais
Veterinária e Mestre em Medicina Veterinária

Sordaini Maria Caligiorne
Perita Criminal do Instituto de Criminalística de Minas Gerais
Bióloga e Doutora em Fisiologia Humana

Washington Xavier de Paula
Perito Criminal do Instituto de Criminalística de Minas Gerais
Engenheiro Químico e Doutor em Química

Adelino Pinheiro Silva
Perito Criminal do Instituto de Criminalística de Minas Gerais
Engenheiro Eletricista e Doutor em Engenharia Elétrica


Este trabalho está sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0


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